Diamante de Sangue

Um diamante que não deveria brilhar …

O universo dos diamantes de sangue pode ainda ser um mistério para muitos. Para a maioria das pessoas quando se fala em diamante a primeira imagem que vem a cabeça é uma pedra de beleza ímpar, adorada pelas mulheres em todo o mundo. Porém nem tudo é belo no universo dos diamantes.

A história por trás desta gema tão valiosa tem um lado muito pouco brilhante, sangrenta na verdade. Essa história já foi abordada em uma produção de cinema, no filme “Blood Diamond“, em 2006, e teve algumas indicações para o Óscar, dentre elas melhor ator (Leonardo DiCaprio) e melhor ator coadjuvante (Djimon Hounsou).

Dois terços dos diamantes de todo o mundo são extraídos de regiões do continente africano. Como é de conhecimento geral, esse continente passa, desde há muito tempo, por conflitos bélicos que englobam desde suas etnias e culturas até a área de extração de minerais.

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Afinal o que são diamantes de sangue?

Os diamantes de sangue propriamente ditos são aqueles diamantes que são extraídos de áreas caracterizadas como zonas de conflito bélico. As pedras extraídas nessas regiões são vendidas com o objetivo de financiar grupos rebeldes e exércitos invasores. Esses diamantes são, em sua maioria, extraídos de uma zona de guerra a partir do trabalho escravo, ou praticamente escravo. Sendo assim, esse tipo de mineração é feito através de uma mão-de-obra que, muitas vezes, resulta em derramamento de sangue. Daí o nome diamante de sangue.

O negócio dos diamantes de sangue é maioritariamente associado a conflitos africanos intensificados, principalmente, entre as décadas de 1990 e 2000. A região da África Ocidental é a que mais apresenta índice desses incidentes.

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Hoje em dia, existem meios de regulamentação e identificação da origem dos diamantes, a fim de ter certeza de que essas jóias não foram extraídas de forma ilegal e violenta. Um dos meios mais famosos e recentes, que vigora até hoje, é o chamado Processo de Kimberley.

Processo de Kimberley: o que é e como funciona?

O processo de Kimberley foi um processo de certificação criado pela ONU, com apoio de diversos países ao redor do mundo. Esse documento foi redigido a fim de evitar a compra e venda de diamantes procedentes de áreas de conflito, guerras civis e locais em que vigoram abusos dos direitos humanos. Ou seja, diamante de sangue.

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Através do processo de Kimberley, todos os diamantes brutos passaram a ter que ser certificados. Dessa forma, passou-se a ter pleno conhecimento sobre todo o processo de prospecção do diamante. Desde sua origem até sua venda, deve ser possível rastrear os diamantes e identificar o local onde foram extraídos ou o local a partir do qual foram importados. Todos os países importadores concordam em não permitir que qualquer diamante em bruto entre no seu território sem a Certificação do Processo Kimberley (KPCS).

Apesar de sua assinatura ter representado um grande avanço na luta contra o contrabando, muitas organizações não governamentais ainda reclamam da necessidade de expandir os conceitos do documento. Embora o processo de Kimberley controle o comércio dos diamantes de sangue, existem ainda algumas brechas que precisam ser preenchidas a partir da melhor análise e reestruturação do processo.

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A partir do melhor entendimento sobre o universo dos diamantes de sangue e no que consiste o processo de Kimberley, teremos maiores condições de escolher as jóias que compramos. Na prática devemos saber se a joia é de um fornecedor que atesta a proveniência da gema de zonas legítimas e em conformidade com as resoluções das Nações Unidas.

Esperamos que barreiras ainda existentes no processo de Kimberley possam ser rompidas com o passar dos anos e que, no futuro, a história dos diamantes de sangue seja apenas algo passado, e superado pela humanidade. Esta pedra preciosa, tão adorada especialmente pelas mulheres, pode ser um elemento importante de dinamização da economia de países subdesenvolvidos, e é assim que deveria ser!

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